Com SMCS
Aficionados por histórias em quadrinhos de ficção, terror ou qualquer outro estilo já devem ter ouvido falar da Gibiteca de Curitiba. A segunda maior biblioteca de gibis do país, com um acervo de 35 mil volumes, completa 40 anos em 15 de outubro.
Este espaço da Fundação Cultural de Curitiba virou as quatro décadas como algo muito maior que apenas um endereço de acervo e empréstimo de gibis. A Gibiteca ajuda a fermentar a cultura pop na cidade com exposições, mostras, cursos e debates e é um ponto de encontro do universo geek de todos os gostos, estilos e idades.
O público diversificado da Gibiteca vai da turma do Zequinha aos jogadores de RPG, dos amantes do mangá aos adeptos da ilustração digital, dos cosplayers aos apaixonados por ficção científica.
Além dos tradicionais quadrinistas, cartunistas e ilustradores, tem também a turma dos games, da animação, dos quadrinhos de horror, do cinema de ficção, da cultura underground, dos sketchers, dos escritores, colecionadores e pesquisadores.
Essa diversidade de atividades e de frequentadores faz da Gibiteca de Curitiba um espaço único, diferente de todas as outras existentes no país. A biblioteca curitibana de gibis foi a primeira do Brasil e atualmente só perde em número de acervo para a Gibiteca Henfil, do Centro Cultural São Paulo (SP). “Nenhuma outra tem esse mesmo formato de programação”, diz o coordenador de Ilustração da Fundação Cultural de Curitiba, Fúlvio Pacheco.
Inovação dos anos 80
Idealizada no início da década de 1980 pelo arquiteto Key Imaguire, colecionador e crítico de histórias em quadrinhos, ao lado dos também arquitetos Abrão Assad e Domingos Bongestabs, a Gibiteca de Curitiba foi uma das inovações culturais daquele período de transformações urbanas da cidade. Seu primeiro endereço foi uma das salas da antiga Galeria Schaffer, no calçadão da Rua das Flores. Em 1988, a Gibiteca foi transferida para o Solar do Barão, onde permanece até hoje.
O acervo, em contínuo crescimento por doações e aquisições, está disponível para empréstimos e consultas. As coleções reúnem todos os gêneros de histórias em quadrinhos – infantis, heróis, humor, terror, cartuns, fanzines, mangás e produções estrangeiras.
Algumas raridades se destacam, como os exemplares da revista Gibi (lançada em 1939), nome que mais tarde foi apropriado para designar as revistas em quadrinhos. Há também as primeiras edições de Tico-tico (de 1905) e O Globo Juvenil (os mais antigos são datados de 1942), as primeiras edições nacionais de Batman e Capitão América, da década de 1950, além de uma coleção completa do Pasquim.
Espaço democrático, a Gibiteca de Curitiba é um centro cultural efervescente e dinâmico. Nela são realizados cursos, oficinas de criação, exposições, palestras, lançamentos e encontros de RPG (Role Playing Game), envolvendo o que há de melhor na produção brasileira e internacional.
Grandes nomes da HQ brasileira como Laerte, Angeli, Glauco, Luiz Gê, Primaggio, Malavoglia & Garfunkel estiveram na Gibiteca, trocando informações com a nova geração de desenhistas e ilustradores.
Exportando talentos
A Gibiteca é também uma incubadora de talentos. Muitos jovens artistas que passaram pelos seus cursos e oficinas se destacam no cenário nacional e internacional, tendo seus desenhos e histórias estampados em jornais e revistas de todo o Brasil e do mundo. Juntos, os quadrinistas curitibanos são autores de mais de 400 títulos, vários destes consagrados pelas maiores premiações do quadrinho nacional.
“Com essa dinâmica, a Gibiteca também fomenta a produção e o mercado local, incentivando a abertura de editoras, estúdios e produtoras que colocam Curitiba como um importante polo nacional dos quadrinhos e da animação”, observa Fúlvio Pacheco, desenhista e ilustrador que coordena as atividades da Gibiteca desde 2016.
Além desse leque de atuação, a Gibiteca é parceira de grandes eventos como a Bienal de Quadrinhos, Shinobi Spirit, Geek City, Jedicon, Matsuris, Trekcon, Maltão Encontro de Ilustradores, Zombie Walk, Festival Estronho, Jogarta, Literatiba, RPG World Festival, NANU. A cada dois anos, produz a mostra Traços Curitibanos, com o objetivo de apresentar o panorama histórico e atual da produção curitibana em quadrinhos, desenho e ilustração.
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