Redação com Agência Brasil
O cineasta italiano Franco Zeffirelli morreu neste sábado (15) aos 96 anos, em Roma, anunciou Dario Nardella, prefeito de Florença, cidade natal do artista, a quem classificou como “um dos grandes homens da cultura mundial”.
Nascido em 12 de fevereiro de 1923, Zeffirelli se tornou conhecido por suas visões românticas no cinema, opulentas produções de ópera e adaptações de peças de Shakespeare no teatro.
Zefirelli começou no mundo do cinema pelas mãos de Luchino Visconti, como assistente de direção em três de seus melhores filmes A Terra Treme (1948), Belíssima(1951) e Sedução da Carne (1954), onde disse ter nascido sua paixão pela Sétima Arte.
Dirigiu clássicos como La Bohème (encenação da ópera de Puccini, em 1965); A Megera Domada, com Richard Burton e Elizabeth Taylor (1967); Romeu e Julieta, com Michael York e Laurence Olivier (1968); Irmão Sol, Irmã Lua (1977); O Campeão, com Jon Voight, Faye Dunaway e Nicky Schrodeer (1978); Amor Sem Fim, com Broke Shields (1981) e Chá Com Mussolini (1999), no qual relata sua infância.
O diretor nutriu grande amizade com a soprano Maria Callas, a quem dedicou o filme Callas Forever (2002), confessando ser ela a única mulher pela qual se apaixonou.
Homossexual declarado, ele revelou em autobiografia publicada quando tinha 83 anos seu grande amor por Visconti. Entrou no Parlamento pelo partido de Silvio Berlusconi, Forza Itália, e se dizia conservador por “desespero anticomunista”.
Só conheceu seu pai depois da morte da mãe, Adelaide Garosi, que, apaixonada por Mozart, quis dar ao filho o nome da ária de Idomeneo (Zeffiretti), mas o funcionário do cartório civil se equivocou e escreveu Zeffirelli.
Após a morte da mãe, quando ainda era um menino, foi criando entre mulheres. A babá, que era inglesa e se chamava Mary, lhe ensinou inglês e despertou a paixão por Shakespeare.
Zeffirelli também foi muito ativo no mundo do teatro e da ópera como diretor cênico e também figurinista. Em 1959, subiu ao palco do Covent Garden de Londres, com as obras Os palhaços e Lucia di Lammermoor.
Para a televisão, filmou Jesus de Nazaré (1977), em vários episódios rodados no Marrocos e na Tunísia, e que contou com a aprovação da Igreja e a rejeição do Partido Comunista da Itália; Dias de destruição (1966), Fidelio (1970) e a Missa Solene (1971), de Beethoven.
Não reivindicando favoritos, Zeffirelli certa vez se comparou a um sultão com um harém de três: cinema, teatro e ópera. “Eu não sou um diretor de cinema. Eu sou um diretor que usa diferentes instrumentos para expressar sonhos e histórias – para fazer as pessoas sonharem”, disse em 2006.
Em outra entrevista de 2009, ele acrescentou: “Eu sempre gostei da beleza, a beleza simples e rigorosa que perfura corações e mentes sem qualquer esforço.”
Por Deutsche Welle
Foto – Reuters/Daniele la Monaca/Direitos reservados
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