Com AEN
Com a maior cobertura vacinal contra o papilomavírus humano (HPV) entre todos os estados brasileiros, o Paraná foi destaque no evento nacional “Câncer de Colo de Útero: o Brasil pode ficar sem”, realizado nesta quinta (5), no Rio de Janeiro.
Organizado pelo Instituto Lado a Lado pela Vida, Ministério da Saúde (MS), Instituto Nacional do Câncer (INCA) e Organização Pan-Americana de Saúde (OPAS), o encontro reúne especialistas, gestores públicos e representantes da sociedade civil para discutir estratégias voltadas à eliminação desta doença no Brasil, até 2030. O evento segue até sexta (6).
O objetivo é fortalecer e o compromisso nacional para alcançar esse objetivo. Foram discutidas medidas como a ampliação da vacinação contra o HPV, rastreamento organizado e a necessidade da garantia do tratamento para as pacientes, bem como ações integradas para transformar a realidade das mulheres brasileiras.
No Paraná, entre as principais ações desenvolvidas estão capacitações, treinamentos, vacinação extramuros e mobilizações voltadas à conscientização da população sobre a importância da imunização.
Dados preliminares de 2023 posicionam o Paraná como líder nacional na vacinação contra o HPV entre meninas. Na aplicação da primeira dose (D1), o Estado atingiu uma cobertura de 96,5%, superando Espírito Santo (95,4%), Amazonas (92%), Santa Catarina (90,6%) e Roraima (89%). A liderança se mantém na segunda dose (D2), com uma cobertura de 94,6%, à frente de Espírito Santo (90%), Minas Gerais (84%), Santa Catarina (84%) e Amazonas (83%).
Há também destaque na vacinação de meninos. Na D1, a cobertura registrada é de 78%, ocupando a segunda colocação nacional, atrás apenas do Espírito Santo (80%) e à frente de Santa Catarina (72%), Amazonas (67%), Minas Gerais (64%) e Tocantins (61%). Na D2, o Paraná retoma a liderança com 67%, seguido por Espírito Santo (65%), Santa Catarina (55%), Minas Gerais (51%) e Amazonas (48%).
“Por meio de estratégias como a vacinação extramuro, capacitações e ações de conscientização, conseguimos alcançar resultados expressivos e liderar o ranking nacional em diversas coberturas vacinais. Nosso objetivo é continuar ampliando o acesso às vacinas e garantindo a saúde de nossas crianças e adolescentes”, destacou Maria Goretti David Lopes, diretora de Atenção e Vigilância em Saúde da Sesa.
DESTAQUES – Desde 2019, o Governo do Estado desenvolve o movimento Paraná Rosa, uma campanha que faz parte da mobilização internacional Outubro Rosa, cujo objetivo é promover a prevenção e o diagnóstico precoce dos cânceres de mama e de colo de útero.
Outro ponto de destaque do Paraná durante o evento foi a realização, neste ano, da força-tarefa de vacinação nas escolas. A primeira etapa, realizada entre 5 e 31 de agosto, em parceria com o Ministério da Saúde, envolveu 2.283 ações em 334 municípios. Foram verificadas mais de 1,7 milhão de carteiras de vacinação, além da aplicação de 45.426 doses. Essa estratégia integra saúde e educação, garantindo acesso às vacinas e proteção para crianças e adolescentes.
A ação com o Ministério da Saúde foi concluída, mas o Paraná deu sequência, mantendo a força-tarefa até 16 de setembro, desta vez em parceria com o Conselho das Secretarias Municipais de Saúde (Cosems). Nesta fase foram alcançadas 1.948 escolas estaduais (92,5% do total), 4.088 escolas municipais (79%) e 1.670 Centros Municipais de Educação Infantil (81% do total de CMEIs). Nesta fase foram aplicadas 228.641 doses e avaliadas 552.200 carteirinhas.
O Paraná foi reconhecido também por ser o primeiro estado a regulamentar uma Lei (Lei Estadual nº 19.534/2018), que vincula a matrícula escolar à apresentação da caderneta de vacinação atualizada. A medida fortalece o controle vacinal e amplia a cobertura em todo o Estado.
“O Paraná tem avançado significativamente na vacinação contra o HPV, graças à união de esforços entre saúde e educação. Iniciativas como a vacinação nas escolas e a legislação estadual são exemplos de como a articulação de políticas públicas pode transformar a saúde da população”, destacou Maria Goretti.
INCIDÊNCIA – De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são esperados 17.010 novos casos de câncer de colo do útero no Brasil durante o triênio 2023-2025. A meta global para 2030 inclui três pilares fundamentais para ser alcançada: 90% de cobertura vacinal contra o HPV em meninas de até 15 anos, garantir que 70% das mulheres sejam rastreadas com testes de alta performance aos 35 e 45 anos – com a possibilidade de autocoleta, e assegurar que 90% das mulheres diagnosticadas com a doença recebam tratamento adequado.
A OMS também estabelece que a eliminação do câncer de colo do útero será alcançada quando a incidência for reduzida a quatro casos por 100 mil habitantes. Atualmente, a taxa ajustada de incidência no Brasil, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), é de 13,25 casos por 100 mil habitantes, enquanto no Paraná esse índice é de 9,77/100 mil habitantes, refletindo um cenário mais favorável no Estado.
Atualmente, o câncer de colo do útero é o terceiro tumor maligno mais frequente e a quarta principal causa de morte entre mulheres no Brasil. O Paraná projeta fechar 2024 com 790 novos casos da doença, reforçando a necessidade de estratégias robustas de prevenção e tratamento para reduzir esses números.