Com SMCS
A neuroengenheira curitibana Michele de Souza é CEO da Cycor Cibernética, startup da capital que lança, em dezembro, a mão eletrônica implantável e um exoesqueleto que permite a pessoas paraplégicas e tetraplégicas caminhar. As criações, que prometem mudar a vida de milhões de pessoas com deficiência física, foram apresentadas ao prefeito Rafael Greca, nesta sexta-feira (1º/11).
“Michele de Souza é um orgulho curitibano. Mais do que uma cientista, ela é um exemplo de que há pessoas que vêm ao mundo para melhorar a humanidade”, afirmou o prefeito.
Greca espera, inclusive, que a Cycor possa ser beneficiada pelo Fundo de Inovação, que começa a operar em 2020. “Este é o exemplo de inovação que queremos dar apoio”, reforçou o prefeito.
O Fundo de Inovação do Vale do Pinhão (Inova-VP), que será sancionado pelo prefeito na segunda-feira (4/11), permitirá ao município investir R$ 10 milhões em projetos de inovação e pesquisa científica e tecnológica na cidade.
Michele contou a Greca que, no final do mês de outubro, a Cycor recebeu R$ 300 mil de investimento dos jurados da quarta temporada do reality show Shark Tank Brasil (Sony), que ficaram encantados com as inovações criadas pela neuroengenheira. “Foi a primeira vez que todos jurados investiram em uma empresa”, lembrou ela.
A curitibana explicou que a mão eletrônica irá custar R$ 4,9 mil, enquanto as similares saem por dez vezes a mais esse valor. “Desenvolvemos, na realidade, uma placa que conecta os impulsos elétricos do corpo a diferentes tipos de máquinas, como uma mão eletrônica”, explica Michele.
Já o exoesqueleto, que irá custar R$ 30 mil (o único equipamento existente no mundo custa R$ 800 mil), vai permitir a pessoas que perderam os movimentos das pernas se levantar, caminhar e se sentar. “Hoje já temos 92 pessoas inscritas para receber nossos produtos”, salientou Michele. A Cycor está incubada na Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e a produção ocorre na Cidade Industrial de Curitiba.
História de vida
Michele também emocionou Greca com sua história de vida. Portadora da síndrome de Asperger, um tipo leve de autismo, ela teve muita dificuldade de socialização na infância e adolescência. Mas Michele foi entendendo que os estudos eram seu ponto de refúgio, e estudou muito para se tornar neuroengenheira, com várias especializações, em instituições internacionais como Universidade de Harvard (EUA) e École Polytechnique Fédérale de Lausanne (Suíça).
Já adulta, Michele enfrentou mais dificuldades. Sua companheira teve um câncer ósseo muito grave, e foi por isso que a neuroengenheira começou a desenvolver produtos que auxiliassem pessoas com deficiências e dificuldades de locomoção. A parceira de Michele, infelizmente, não resistiu à doença e morreu há cerca de dez anos, poucos dias depois de Michele finalizar a tecnologia de seu primeiro produto. Ela pensou que não deveria deixar todo o trabalho que fez por sua companheira morrer junto com ela e decidiu lutar para levar a Cycor adiante.
Participaram do encontro a presidente da Agência Curitiba, Cris Alessi; a diretora do Departamento de Direitos da Pessoa com Deficiência da Prefeitura, Denise Maria Amaral de Oliveira Moraes; e os funcionários da Cycor Cibernética, Mariana da Rocha e Alex Cabral.
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