Polícia Civil finaliza inquérito sobre atiradores em escola de Suzano

Uma homenagem às vítimas do tiroteio na escola Raul Brasil é retratada em Suzano, Estado de São Paulo, Brasil, em 18 de março de

Redação com Agência Brasil

Após 80 dias de investigações, a Polícia Civil encerrou o inquérito sobre o massacre na Escola Estadual Raul Brasil, em Suzano. No dia 13 de março, dois ex-alunos da escola (um adolescente de 17 anos e um rapaz de 25) entraram armados e encapuzados no local. Eles mataram duas funcionárias da escola, cinco alunos e se mataram em seguida. Horas antes do massacre, ambos também mataram um comerciante que era tio de um deles. Onze pessoas ficaram feridas

Em coletiva realizada hoje (4) para apresentar o resultado do inquérito, o delegado Alexandre Dias disse que o crime foi organizado pelo atirador menor de idade. “O crime foi organizado em 2015 pelo [atirador] menor [de idade], autor direto dos crimes, junto com o outro menor, que foi o autor intelectual. Isso ocorreu em 2015, 2016, até que o autor intelectual teve um pequeno desligamento de contato com o autor direto dos fatos. E surgiu um terceiro indivíduo, maior de idade [que participou do massacre]”, explicou o delegado.

“Os três – e isso está comprovado nos autos – passaram a falar sobre o crime, sedimentar como seria o crime, nos mesmos moldes de Columbine [nos Estados Unidos]. O desejo deles era superar o que aconteceu no crime ocorrido em 1999, [em uma escola] em Columbine”, disse o delegado. “A partir de meados de 2018, eles passaram a ideia para o plano concreto, ou seja, passaram à aquisição de objetos, da arma e de munições para a execução do crime”, disse.

De acordo com o delegado, a arma utilizada no crime foi obtida com um mecânico, denunciado hoje pelo Ministério Público, que intermediou a negociação com uma segunda pessoa. A arma, um revólver calibre 38 com numeração suprimida, foi comprada por R$ 2,5 mil. Outras duas pessoas, também denunciadas, venderam munições aos atiradores.

Autor intelectual

Um outro procedimento, que corre em segredo de Justiça, apura a participação do autor intelectual no crime. Em maio, o Tribunal de Justiça acatou uma denúncia do Ministério Público e determinou que ele continue apreendido na Fundação Casa por tempo indeterminado. Segundo o delegado, o menor não participou diretamente do massacre porque os autores queriam que o crime ficasse mais parecido com o que houve em Columbine, com a participação de apenas duas pessoas no ato.

Denúncia

O Ministério Público de São Paulo denunciou quatro pessoas, que já estão presas, por participação no massacre. Segundo o promotor de Justiça Rafael Ribeiro do Val, que fez a denúncia, todos eles tiveram participação na venda de armas e munições para os dois atiradores. O promotor solicitou a prisão preventiva dos quatro denunciados.

Segundo o delegado, no inquérito policial os quatro foram indiciados por participação nos dez homicídios e 11 atentados e também pelo comércio ilegal de arma de fogo e munições.

Foto – UESLEI MARCELINO