Embargo dos EUA contra Irã afeta empresas brasileiras, diz Bolsonaro

Redação com Agência Brasil

embargos,estaosunidos,irãO presidente Jair Bolsonaro afirmou hoje (19) que empresas brasileiras foram alertadas, pelo governo, sobre embargos econômicos impostos pelos Estados Unidos contra o Irã, que podem afetar as relações comerciais entre o Brasil e o país islâmico. O presidente abordou o assunto ao ser questionado sobre a recusa da Petrobras em abastecer dois navios iranianos que estão, desde junho, ancorados próximos ao Porto de Paranaguá (PR). Com isso, eles ficam impedidos de retornar ao país de origem. A Petrobras teme violar a legislação norte-americana devido ao embargo, o que poderia trazer graves prejuízos para a empresa, que é grande exportadora de petróleo para os EUA e possui ações negociadas na Bolsa de Valores de Nova York.

“Existe esse problema, os Estados Unidos, de forma unilateral, pelo que me consta, têm embargos levantados contra o Irã. As empresas brasileiras foram avisadas por nós desse problema e estão correndo o risco neste sentido e o mundo está ai”, disse Bolsonaro. Ele reafirmou sua aproximação do presidente dos EUA, Donald Trump, mas ressaltou que o Brasil seguirá sem intervir em conflitos de outros países.

“Eu, particularmente, estou me aproximando cada vez mais do Trump, fui recebido duas vezes por ele, ele é a primeira economia do mundo, segundo mercado econômico. E hoje abri para jornalistas estrangeiros que o Brasil está de braços abertos para fazermos acordos, parcerias, para o bem dos nossos povos. O Brasil é um país que não tem conflito em nenhum lugar do mundo, graças a Deus, pretendemos manter nessa linha, mas entendemos que outros países têm problemas e nós aqui temos que cuidar dos nossos em primeiro lugar”, disse.

Navios

De acordo com a administração do Porto de Paranaguá, os navios iranianos Bavand e Termeh aguardam para abastecimento na baía do porto desde o início de junho. Nenhuma das embarcações movimentou ou vai movimentar carga pelos terminais paranaenses, e apenas fariam o abastecimento no local. O navio Bavand aguarda ancorado em frente ao porto. A embarcação já está carregada com 48 mil toneladas de milho, carga que foi operada no porto de Imbituba (SC).

Já o navio Termeh aguarda, desde o dia 9 de junho, ancorado a cerca de 20 quilômetros do porto paranaense. A embarcação está vazia, e aguarda combustível para seguir rumo ao porto de Imbituba (SC), onde também receberá uma carga de milho que será exportado ao Irã.

Para abastecer, os navios não precisam atracar e recebem o combustível por barcaças. A Petrobras é a principal fornecedora. Procurada pela Agência Brasil, a estatal disse que outras empresas podem comercializar o combustível e que o risco envolvido na operação é de responsabilidade da empresa exportadora.

“O risco envolvido na contratação de navios sancionados deve ser de responsabilidade da empresa exportadora e não da Petrobras, que não tem qualquer relação com as atividades comerciais da exportadora. A companhia reitera que não é a única fornecedora de combustível para embarcação no país”, afirma a empresa.

A reportagem também tentou entrar em contato com a agência marítima que representa as embarcações no Paraná, a Unimar, mas a empresa não quis comentar o assunto. O impasse também está sendo tratado na Justiça.

Exportações

O Irã é um importante destino de produtos agrícolas brasileiros. A balança comercial entre os dois países é amplamente favorável ao Brasil. Em 2018, por exemplo, foram exportados mais de US$ 2,26 bilhões de dólares para o país islâmico, enquanto o Brasil importou US$ 39,9 milhões, resultando em um saldo positivo de US$ 2,22 bilhões.

O principal produto brasileiro vendido ao Irã é justamente milho em grãos, que representa 36% do total de exportações, seguido por soja (34%), farelo de soja (12%), carne bovina (12%) e  açúcar de cana (5,5%).

Edição: Narjara Carvalho